O jornalista e professor universitário Marcos Zibordi apresentou na noite de ontem uma aula-palestra a alunos de jornalismo na UniSant’Ana dos 3º e 4º semestres. Com um estilo despojado, Zibordi conquistou a plateia em uma conversa descontraída sobre jornalismo, mercado de trabalho e o futuro do impresso.
“O jornal pode até acabar, mas o jornalismo não”, disse o professor, que enfatizou o processo de mudança que vive o jornalismo hoje, e que segundo ele, ainda não criou uma linguagem jornalística para internet. “O que existe (nos sites de notícias) é a replicação da matéria do impresso, e notícias sendo lançadas no decorrer do dia daquilo que de mais importante aconteceu nas últimas horas”, e continuou, “quando digo ‘linguagem’ me refiro ao termo mais amplo da palavra, que não envolve só a escrita, mas som e imagem também”.
Repórter da Caros Amigos, Zibordi defendeu que é preciso abandonar a ideia de que somente em alguns poucos veículos de comunicação o jornalista teria liberdade, e que todo o resto estaria dominado pelo “mal”. “A realidade não é simplesmente dividida entre o bem e o mal, a coisa é mais complexa. Eu já escrevi matérias sobre o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em publicações que são declaradamente desfavoráveis ao movimento”.
"Há espaço"
Quanto ao mercado de trabalho, Zibordi disse que “há espaço” e que existe sempre a possibilidade para quem tem “algo para mostrar”, mas que é preciso estar pronto para quando a oportunidade surgir, “por que aí, você vai ter que ‘ser Ronaldo’. Quando a bola cair no seu pé você tem que fazer o gol”.
Embora o mercado jornalístico esteja cada vez mais reduzido nas grandes redações, o professor acredita que com a internet as possibilidades para o jornalismo se ampliam: “Você pode ter uma grande idéia, como o You Tube, e ficar rico”. Para ele, o fundamental para o jornalista é estar atento ao que acontece ao seu redor, para enxergar onde esta a notícia: “O jornalismo pode não dar certo para você, como também pode. Se não der, vai ser por sua causa, e se der certo também vai ser por causa de você”.
Hip-Hop
Estudioso da cultura hip-hop, Zibordi destacou a importância do movimento nas periferias: “Não é questão de gostar ou não, mas o hip-hop é um movimento cultural importante que não pode ser ignorado”, e encerrou a aula-palestra cantando um rap do grupo Sabotagem, “Rap é compromisso”.
Ouça a versão original : Sabotagem - Rap é Compromisso
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